Eu vi um Produtor surtar no meio de um Evento ! (by George Saguia)

Era o lançamento de uma nova linha de tintas... começava com um Breakfast, depois algumas palestras e um gran finale com a revelação do produto.

Era 07:15 da manhã... os convidados começariam a chegar às 07:30... Já estava tudo pronto... só uns pequenos ajustes aqui ou ali...

De repente o trilho da cortina das janelas imensas do salão do hotel se soltam do teto e caem fazendo um barulho impressionante ! Derrubam torres de som, iluminação, decoração... foi um “perereco” !!! Pra piorar tudo, do outro lado da rua, bem de frente para a janela, havia um outdoor com a propaganda do principal concorrente de nosso cliente !!!

A produtora que estava comigo teve um treco ! Começou a correr de um lado para outro gritando “Meu Deus ! Como isso pôde acontecer ?! Porque agora ?! Porque comigo?!” Ela ficou tão doida que chegou a tropeçar num vaso e deu bronca até no cenário !!!

Enquanto ela saia correndo em desespero pela porta, eu e mais dois rapazes da equipe pegamos dois sarrafos que haviam sobrado da cenografia, pregamos um no outro, apoiamos no trilho da cortina empurrando pra cima, firmamos bem entre o piso e o teto, grampeamos a cortina sobre a madeira e por último demos uma “afofada” no tecido pra deixar tudo bem escondidinho.

Quando ela entrou na sala junto com o cliente, ele estava pálido !

Quando viu tudo arrumado, lindo, maravilhoso e prontinho pra começar... o cliente perguntou “Cadê a janela quebrada?”... ela se desculpou dizendo que tudo já havia sido resolvido.

Não sei se a pior “surtada” foi quando a cortina caiu ou quando ele saiu da sala... ela começou a gritar com todo mundo dizendo “Vocês viram o que fizeram? Paguei o maior mico porque vocês arrumaram tudo antes de eu mostrar pro cliente !!! Não podiam esperar só mais cinco minutinhos, não ?!”

Pra toda a equipe o clima durante o evento foi tenso... quando acabou ela tinha tido tempo de refletir sobre o absurdo que havia dito e chamou a equipe toda pra pedir desculpas...

Foi uma das surtadas mais engraçadas que eu presenciei !!!

Um abraço ao Pedro e aos visitantes !

** Este post foi escrito por George Saguia, um de meus grandes mestres na arte da produção. Além de ter trabalhado comigo, ou melhor, eu ter trabalhado com ele, fui seu aluno em um curso único em todo Brasil, elaborado por esta grande personagem do mercado de eventos.

Valeu por enriquecer meu blog G, um grande abraço pra você também! **

“Eventos - Coleção ABC do Turismo" por TENAN, Ilka

Este livro, escrito pela autora Ilka Paulete Svissero Tenan, Diretora de Pesquisa e Capitação da ABRACE (Agências de Viagens Brasileiras Operadoras em Congressos e Eventos) e que já foi gerente de eventos da Varig e gerente comercial de eventos no TAM, faz parte de uma coleção que tem como objetivo “fixar conceitos e esclarecer dúvidas sobre os principais tópicos do setor” turístico.

O livro aborda diversos assuntos teóricos, como os conceitos como os de Turismo de Negócios e Eventos, de Eventos e Indústria de Eventos citando a opinião de diversos autores, a maioria do setor turístico e não especificamente de eventos. Além disso, explica quem promove, quem participa dos eventos e quais associações e profissionais estão envolvidos e os classifica.

A autora não cita nada sobre o cotidiano ou explica como é produzir um evento. O livro é voltado para quem está entrando no mercado e quer saber um pouco sobre como ele funciona, enfatizando os eventos mercadológicos e técnico-científicos, em relação às entidades envolvidas em sua elaboração e seus principais conceitos, porém quase ignora os eventos lúdicos como shows e festivais.

3 milhões de pessoas na Paulista! Balela...

Pouco depois da Parada GLBT 2006 que ocorre na avenida Paulista aqui em São Paulo, a Rede Globo divulgou um de nossos segredinhos de produção.

O cálculo da quantidade de pessoas em um evento é feito, internacionalmente, calculando-se a área total ocupada pelas pessoas em metros quadrados e multiplica-se por 4. Se testarmos, conseguiremos colocar até mesmo 10 pessoas em um metro quadrado, porém, o cálculo abrange uma área nem sempre tão densa.

A avenida Paulista tem aproximadamente 30 metros de largura e 1.700m de comprimento. A partir daí podemos fazer o cálculo a partir da expressão numérica abaixo:

= 1.700m x 30m x 4 pessoas =
= 51.000 x 4 =
= 204.000 PESSOAS

E mesmo se considerássemos as 10 pessoas, só alcançaríamos o número de 510 mil pessoas. Ou seja, para haver 3 milhões de pessoas na Paulista, deveriam ter verdadeiras pirâmides humanas com aproximadamente 60 pessoas por metro quadrado.

Mas por favor, não contem para ninguém, pois a publicidade que estes números trazem é que fazem meu salário e de outros produtores serem pagos!

Interferência! - Dalai Lama em São Paulo

Na última visita ao Brasil do 14º Dalai Lama, Tenzyn Gyatso, produzi a parte técnica de um evento onde sua santidade re-inauguraria o espaço Gandhi em uma praça de São Paulo.

Aparentemente, seria uma cerimônia rápida e simples. Em apenas 15 minutos ele chegaria, diria algumas palavras e seguiria para outro evento. Seria necessário apenas um equipamento de som com duas asas P.A.s, microfones e sistema de retorno, um par de praticáveis e grades para isolamento do público.

Em um evento como este, o mais difícil é mensurar o público. Há muitos admiradores do Dalai Lama no Brasil, além dos budistas, e o cronograma de sua passagem pela cidade fora publicado em todos os jornais escritos e televisão. A praça não comportaria mais do que duas mil pessoas, então programamos o equipamento para o público máximo que o espaço comportaria.

Próximos à estatua foram instalados os praticáveis e de última hora resolvemos colocar uma tenda para prevenir contra o sol forte e também contra uma possível, porém improvável chuva. A tenda foi decorada e mobiliada pela entidade que trouxe a maior autoridade do Budismo ao país.

Quando estava tudo absolutamente pronto, aguardando apenas a chegada das autoridades para começar a cerimônia, uma freqüência de rádio entra no sistema de som e sai nas caixas de retorno. O microfone sem-fio foi retirado da tomada, mas não adiantou. A interferência continuou.

Não foi possível identificar com certeza absoluta de quem era o rádio, pois havia freqüências das policias militar e federal, guarda civil metropolitana, táxi, CET sem contar os rádios utilizados pelos produtores.

Com o tempo curto, a única solução era desligar os monitores de retorno. Ainda deu tempo de fazer um teste e percebi que o próprio PA daria retorno suficiente para as autoridades escutarem sua própria voz.

Assim começou o evento. Havia apenas quatro microfones ligados: o sem fio para o Mestre de Cerimônias, um para os dois tradutores, outro para as autoridades brasileiras e o último para o Dalai Lama, posicionado para falar sentado, conforme orientação da entidade que o trouxe ao Brasil.

Quando começou a cerimônia, a interferência aumentou e entrou no microfone sem fio, através de um zumbido. O que ninguém poderia adivinhar, é que sua Santidade levantou-se e falou com o microfone sem fio. Em posição estática, o barulho era pequeno, mas a cada movimentação de levá-lo à boca ou baixá-lo, fazia o zumbido aumentar.

O evento prosseguiu com este pequeno problema técnico, pois os técnicos não conseguiram solucionar. No final, descobrimos que mudando a posição da base, que recebe o sinal do microfone, a colocando a frente da mesa de som acabaria com o ruído. Nossa forte foi que o destaque do dia para a imprensa foi a vaia do público ao novo prefeito da cidade, e com isso, a gafe da equipe não foi lembrada.